sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015



Segundo essa lenda, vivia há muitos anos em Iyo um samurai muito velho; tão velho que já nem tinha família nem amigos vivos. O único ser a que ainda podia dedicar o seu amor era uma velha cerejeira que os seus antepassados tinham plantado e à sombra da qual o velho samurai tinha brincado enquanto criança. A mesma árvora em cujos ramos os membros da sua família tinham pendurado, durante gerações e gerações, pequenos pedaços de papel onde haviam escrito belos poemas de louvor à velha árvore.
Mas um dia, ó tristeza, a velha cerejeira começou a definhar e depois morreu. Os vizinhos do samurai vieram plantar uma nova cerejeira, mas para o velho samurai a morte da árvora era um sinal de que a sua vida também estava a chegar ao fim.
Então, dirigiu-se à cerejeira cujo tronco ainda se erguia altaneiro no meio do jardim familiar e fez um último desejo: a cerejeira deveria florir ainda uma última vez. E o velho samurai prometeu que se o seu desejo fosse realizado, esse seria o momento para ele próprio morrer também. A velha cerejeira voltou a dar flor, embora fosse Inverno, e ali mesmo sob os seus ramos o velho samurai cometeu harakiri. O sangue ensopou o chão e chegou às raízes da velha cerejeira, e ela floriu uma vez mais.
Segundo ainda a lenda, desde esse dia a velha cerejeira dá flor todos os anos pelo aniversário da morte do samurai. Dizem que é no sexto dia do primeiro mês do ano, bem mesmo no coração do Inverno.

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